quarta-feira, 1 de julho de 2015

"A preparação da voz na Criação."





Continuação do livro VOZ, PARTITURA DA AÇÃO. De Lucia Helena Gayotto.

É inevitável o ator passar pelo momento em que ele perde a voz várias vezes, mas se ele tem conjugado com isso, todo um trabalho científico e poético, ele novamente aprende a falar, a balbuciar de novo... Eu acho que a voz é uma coisa que cada peça inventa, cada peça talvez derrube as vozes que existem, construindo outras, sendo necessário aprender a falar tudo de novo.
O gênio : Zé Celso Martinez Correa.

Agora um cuidado!
Trabalhar com a voz cênica, envolve, muitas vezes e ao mesmo tempo, o treinamento de atores que fazem abuso ou mal uso vocal, o trabalho com as necessidades vocais para o palco e a construção vocal do personagem; e isto pressupõe o conhecimento da voz nas circunstâncias cênicas e nos entrechos emocionais específicos às suas cenas.

Importantíssimo lembrar que a trajetória da construção vocal do personagem vai se delimitando por intermédio de um estudo aprofundado feito pelo ator. Este estudo se dá em vários níveis, em práticas corporais e vocais e na investigação das emoções e intenções do personagem que o ator quer encarnar. Quanto mais instrumentalizado o ator estiver para revelá-las por meio da voz, mais potencializado estará para manifestá-las.

Ao ator não é dado o direito de repetidamente todas as noites "recitar" uma melodia petrificada, entoada por uma curva de estereotipia cênica. Em movimento permanente deve manter sua voz "viva", em harmonia com o espetáculo e com o público.

Nesta perspectiva, vai se definindo uma voz cênica ativa, uma ação vocal ligada ao contexto cênico. Ela se constitui com atitude, porque não representa meramente o personagem ou a história da qual faz parte, mas faz "a" história em seu movimento vivo: recria quando interpreta, multiplicando, ao mesmo tempo, as possibilidades vocais quando diariamente revive sua trajetória.

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