segunda-feira, 20 de julho de 2015

A COMÉDIA III




Ao komos ático juntaram-se no séc V, os truões e os comediantes dóricos, com falos e enormes barrigas falsas, que eram mestres da farsa improvisada. Eles haviam recebido um impulso literário, por volta de 500 a.C., de Epicarmo de Mégara, na Silícia. Suas cenas bonachonas e de comicidade grosseira e as caricaturas dos mitos foram a fonte da comédia dórica e siciliana. Epicarmo estabeleceu uma variada escala de personagens - os fanfarrões e aduladores, parasitas e alcoviteiras, bêbados e maridos enganados - que sobreviveram até a época da Commedia dell ´Arte e mesmo até Molière.

Epicarmo gostava particularmente de ridicularizar os deuses e heróis: Hércules como um glutão, não mais atraído pelos feitos heróicos mas apenas pelo aroma de carne assada. Ares e Hefestos, disputando com despeito e malícia a liberação de Hera, presa a seu próprio trono. As sete Musas, que surgem como as filhas "rechonchudas e bem alimentadas" do Pai Pançudo e da Mãe Barriguda.

É uma questão controvertida se a comédia proveio realmente de Mégara Hyblaia, na Silícia, ou de Mégara, a antiga cidade dórica entre Atenas e Corinto, famosa por seus farsistas.

Aristófanes diz em "As Vespas":
"Não podeis esperar muito de nós, apenas zombarias roubadas de Mégara".
Aristóteles resolve citando com salomônica sabedoria:
"A comédia é reivindicada pelos megarianos, tanto pelos do continente, sob a alegação de que ela surgiu em sua democracia, como pelos da Silícia, porque é dali que veio Epicarmo, muito antes de Quiônides e Magnes."

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