quarta-feira, 20 de abril de 2016


O Teatro no Japão



"É a poesia que movimenta sem esforço o céu e a terra, e desperta a compaixão dos deuses e demônios invisíveis, e é na dança que a poesia assume forma visível". Essa é a introdução da primeira coletânea japonesa de poemas "Kokinshu" em 922. 

O teatro japonês pode ser descrito como uma celebração solene, estritamente formalizada, de emoções e sentimentos, indo da invocação pantomímica dos poderes da natureza às mais sutis diferenciações da forma dramática aristocrática. 

Sua mola propulsora está no poder sugestivo do movimento, do gesto e da palavra falada. Dentro desses meios de expressão, os japoneses desenvolveram uma arte teatral tão original e única que desafia comparações, pois qualquer comparação será invariavelmente relevante para um só de seus aspectos.

No universo insular do Japão, como em qualquer outro lugar, o teatro começou com os deuses, com o conflito dos poderes sobrenaturais. Os dois grandes mitos das divindades do mar e do sol contêm não apenas o germe da dança sagrada primitiva do Japão, mas os primeiros elementos da transformação dramática, que é a essência da forma teatral. 

As duas mais antigas crônicas japonesas, Kojiki e Nihongi, foram ambas escritas em ideogramas chineses no início do século VIII para a corte imperial japonesa. Relatam as representações pantomímicas dos dois mitos que nos dias de hoje são uma fonte importante para as danças da Ásia Oriental. Sobrevivem no Vietnã, Camboja e Laos, na Tailândia, Asam, Birmânia (Mianmar) e no sul da China.

O primeiro desses mitos baseia-se no culto ao sol e relata a história da deusa do Sol, Amaterasu. Após uma briga com seu irmão, Amaterasu esconde-se numa caverna, inacessível a qualquer súplica. O céu e a terra ficam imersos em uma escuridão noturna - uma ocorrência histórica de um eclipse solar. As oitocentas miríades de deuses do panteão japonês concordam em atrair a deusa zangada para fora de seu esconderijo por meio de uma dança.  
A deusa virgem Ama no Uzume desperta a curiosidade da deusa do sol. Amaterasu caminha para fora da caverna e, num espelho que os deuses seguram para ela, vê sua própria imagem radiante refletida. Os galos cantam. A luz volta ao mundo.
O significado mitológico da dança de Uzume, que provoca o retorno do sol, sobrevive até hoje no costume de executar as peças "Kagura" durante toda a noite até a aurora, até o primeiro canto do galo.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Teatro: Uma arte milenar e grandiosa - quem dá apoio e quem não dá.


Um dia uma pessoa que dizia-se dar aula há muitos anos com orgulho ( a pessoa nem era formada na área, como ela dava essas aulas? Imagine.), me disse:

"Teatro é esse de fundo de quintal, de garagem, não é esse de apresentar nesses teatros grandes não".

Agora, imagine se não me deu um choque ouvir essa besteira? Esta  pessoa estava com ciúmes da diretora da área de dança da cidade que ganhara R$1.000.000,00 (um milhão) para produzir sua apresentação e ainda ganhava isso todos os anos, e o uso do teatro de Paulínia.

Enfim, nós temos que ver, observar atentamente, quais são os povos que estimulam e resguardam o Teatro como ele deve ser considerado: Uma arte milenar e grandiosa.

Por que um grande número de pessoas querem ir para os Estados Unidos atuar e serem "bem de vida" lá? Porque lá é valorizado! A interpretação, a história da arte, lá são valorizadas, como em muitos países da Europa, e na Austrália. Ou alguém tem uma "dózinha" dos atores que passam no Tapete Vermelho?

E são atores excelentes que fazem excelentes filmes. Já deu uma olhada na moral dos filmes do Brasil entre os brasileiros e no exterior? Ou dos atores brasileiros mesmo. para isso veja Alice Braga, ela consegue atuar nos EUA, é uma excelente atriz, sabe inglês e mesmo assim, o que consegue são participações.

Nos EUA como nos países que valorizam teatro, os cursos de teatro, são integrais. As pessoas têm aula de canto lírico, aprendem a história do teatro do começo ao contemporâneo. E no término de curso, fazem uma grande produção de teatro, com figurinos e cenários grandes, uns cantam de forma excelente e muito alto a ponto de realmente suas vozes abraçarem toda a platéia.

Aqui no Brasil você nem ouve a voz dos atores em cena direito, uns são perdidos, outros tão convencidos de sua atuação que se perdem e não demonstram sentimento nenhum em cena a não ser esse. Outros grupos de teatro se perdem demonstrando somente promiscuidade em cena como se isso fosse "revolucionário", ou uma agressividade nível "aguenta quem tem estômago".  E isso foi "revolucionário" nos anos 70. Não agora. Estão todos atrasados tanto em conceitos quanto em história. Acham que Brecht é super atual quando as mudanças na indústria já aconteceram e ainda se prendem no passado e o mais atual que chegam é ao ano de 1950.

Então, quem quer ser artista primeiro: Não tenha preguiça. Realmente se forme na área. Uma outra pessoa que ganha dinheiro com a prefeitura mas não tem nenhuma formação na área (pra variar o Brasil inteiro está impregnado com essas pessoas) me disse: "Eu não tenho nenhum curso de teatro mas eu AMO teatro."

Sério? O que você ama, você ESTUDA!

Ou eu posso dizer: eu amo medicina mas nunca estudei. Vou cortar todo mundo mesmo assim. Aí me dizem: mas teatro é diferente. Não é! NÃO É!  Então estudem muito e sejam formados em suas respectivas áreas pelo amor de Deus!

Na sua formação você aprenderá não só sobre sua área mas também sobre psicologia, sociologia, filosofia, fundamentos da educação e várias práticas sobre como ensinar os outros.
Agora, as pessoas não lêem:
Não sabem escrever T-e-a-t-r-o, muito menos Stanislavski que é o grande nome do teatro contemporâneo, aliás a pessoa pelo qual o Teatro existe como é hoje. Quem não lê não pensa, não se comunica e o pior, o ego vai láaaaaaa em cima!
O peso do cérebro de uma pessoa analfabeta é de 0,5kg. O de uma pessoa assídua em leitura é de 2kg. O que chamamos de intelectuais.

Segundo: Não sejam presunçosos. O teatro no Brasil é esculachado. As pessoas andam como galinhas perdidas, escravos do seu corpo biológico, pensam do estômago para baixo. Como que uma pessoa que não é intelectual vai produzir algo de engrandecedor?
 Te transportar pela arte, pela alta cultura, isso sim, é "O" que falta no Brasil. Analisem nossas músicas populares desde sempre. Sempre aquela tocadinha pobre e letras só viajadas. Coisa que a máfia do dendê controla é essa cultura pobre nossa que não evolui desde 1968 e que dita que nada supera a "Tropicália".

Terceiro: Saia do Brasil para estudar. Te dará uma grande perspectiva sobre o que é teatro de verdade.

Aí você pensa "Ai, mas não tenho dinheiro". E quem tem hoje em dia? Então trabalhe!! Rale bastante e consiga o dinheiro. O brasileiro tem tanta preguiça e espera que "o frango caia do céu no seu colo", espera que Deus dê de graça sem esforço nenhum.

Outra grande diferença de nós com os países já evoluídos: nos países evoluídos as pessoas sabem que tem que trabalhar para conquistarem o que querem. Temos um histórico horroroso do tempo colonial que as pessoas tinham servos que pegavam as sujeiras do chão porque nem abaixar elas faziam. O trabalho virou algo vergonhoso porque atualmente, as pessoas acham que os ricos não trabalham. Alguns podem até existir assim mas não por muito tempo! Quem não trabalha sempre vai perder tudo o que tem.
Ricos estão ricos, porque trabalharam muito mais que os outros, estudaram muito mais que os outros e renunciaram muito mais que as outras pessoas.

Imagine assim: Uma pessoa nasceu em uma família pobre, vê que sua família não pode oferecer muito além de uma casa e seu alimento e vestimentas ( o que já é muito em relação à países na África ou até mesmo no nosso nordeste).
Aí o que ela pensa: 1 - Vou trabalhar e estudar de qualquer jeito e bastante, com isso consigo dinheiro para meus estudos e vou estudar e trabalhar até completar meus estudos e conseguir empregos melhores.

ou

2 - Vou parir o quanto de filhos conseguir nessa vida miserável mesmo.

Alguma dúvida do número 2 ser mais escolhido que o número 1?







sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

O teatro na China:


Cinco mil anos de história medeiam nosso tempo e as fontes do teatro chinês. Impérios e dinastias vieram e se foram desde os dias primitivos das danças rituais de fertilidade e dos exorcismos xamânicos dos espíritos do mal, desde os primórdios da pantomima da corte e dos trocadilhos dos bufões. 

Milênios, impérios e dinastias inteiros separam os dias do primeiro conservatório imperial de música daqueles que testemunharam, eventualmente, a legitimação do drama chinês. Esse amadurecimento foi levado a cabo pelo colapso do sólido edifício do poder de um império, à sombra de Gêngis Khan.

A mola propulsora íntima desse drama foi o protesto, a rebelião camuflada contra o domínio mongólico. Assim, nos séculos XIII e XIV, o drama chinês celebrou seus triunfos não no palco, mas nas colunas dos livros impressos.

OS dramaturgos eram eruditos, médicos, literatos, cujos discípulos se reuniam em torno do mestre ao abrigo das salas particulares de recitais. Sua mensagem sediciosa era passada de mão em mão em livros de impressão artesanal, elegantemente encadernados.

O aplauso do povo, entrementes, pertencia aos malabaristas, acrobatas e mimos. Pelo precário balanço dos funambulistas, equilibristas e prestidigitadores a herança teatral chinesa atravessou os milênios. 

Ainda hoje, na Ópera de Pequim, numa das mais altamente consumadas formas de teatro do mundo, a arte dos acrobatas possui seu lugar de honra.
No teatro chinês, a acrobacia em sua nobre tradição, classifica-se como par da música.

A lógica matemática de notas musicais representa a ordem do mundo, as leis que governam o curso das estrelas e da vida na terra. 
A interação entre costume e música culmina na forte tradição cerimonial sobre a qual o poder e a autoridade absoluta do maior Estado do mundo foram erigidos durante milhares de anos. Exatamente da mesma forma como as pessoas comuns estavam sujeitas aos senhores feudais ao imperador, também o imperador estava sujeito ao Senhor do Céu, a quem adorava em sua condição de Filho do Céu.

Essa adoração expressava-se nas pantomimas sacras e nos ritos sacrificiais, bem como nos sons da música radicada nos poderes cósmicos, música que mediante suas leis, atrelava o sobrenatural a um dever neste mundo.

Disse uma vez Confúcio:  " Quem quer que entenda o significado dos grandes sacrifícios, compreenderá a ordem do mundo como se o estivesse segurando na palma da mão".

A consequência dessa ordem do universo é que a virtude é recompensada e o mal, punido. A arte e a vida movem-se dentro desses dois postulados.


sábado, 30 de janeiro de 2016

Nossa continuação de O teatro Primitivo.


O teatro primitivo utilizava acessórios exteriores, exatamente como seu sucessor altamente desenvolvido o faz. Máscaras e figurinos, acessórios de contra-regragem, cenários e orquestras eram comuns, embora na mais simples forma concebível.

Os caçadores da Idade do Gelo que se reuniam na caverna de Montespan, em torno de uma figura estática de um urso estavam eles próprios mascarados como ursos. Em um ritual alegórico-mágico, matavam a imagem do urso para assegurar seu sucesso na caçada.

O palco do teatro primitivo é uma área aberta de terra batida. Seus equipamentos de palco podem incluir um totem fixo no centro, um feixe de lanças espetadas no chão, um animal abatido, um monte de trigo, milho, arroz ou cana-de-açúcar.

Os vestígios do teatro primitivo sobrevivem nos costumes populares, na dança em volta do mastro de maio ou da fogueira de São João.

É assim que o teatro ocidental começou: nas danças do templo de Dioniso aos pés da Acrópole.

Diversas cerimônias místicas e mágicas estão envolvidas nos ritos de iniciação de muitos povos primitivos. nos costumes que "rodeiam" a entrada da criança no convívio dos adultos. Máscaras ancestrais são usadas numa peça com mímica. Em sua primeira participação no cerimonial, o neófito aprende o significado das máscaras, dos costumes, dos textos rituais e dos instrumentos musicais. Contam-lhe que negligenciar o mais ínfimo detalhe pode trazer incalculáveis desgraças à tribo inteira.

À medida que as sociedades tribais tornavam-se mais organizadas, uma espécie de atuação profissional desenvolveu-se entre várias sociedades primitivas. Existiram troupes itinerantes que viajavam de aldeia em aldeia e de ilha em ilha.

O teatro enquanto compensação para a rotina da vida, pode ser encontrado onde quer que as pessoas se reúnam na esperança da magia que as transportará para uma realidade mais elevada.
Isto é verdade independentemente de a magia acontecer num pedaço de terra nua, numa cabana de bambu, numa plataforma ou num moderno palácio multimídia de concreto e vidro. É verdade, mesmo se o efeito final for de uma desilusão brutal.












sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Podemos aprender sobre o teatro primitivo pesquisando três fontes:


As tribos aborígenes.
As pinturas das cavernas pré-históricas.
E a inesgotável riqueza de danças mímicas e costumes populares que sobreviveram pelo mundo afora.

O teatro dos povos primitivos assenta-se no amplo alicerce de impulsos primários, dos encantamentos de caça dos nômades da Idade da Pedra, das danças de fertilidade e colheita dos primeiros lavradores do campo, totemismo e xamanismo e dos vários cultos divinos.

Dessas concepções um indivíduo extrai as forças elementares que transformam o homem em um meio capaz de transcender-se a seus semelhantes.

Não somente os festivais de Dioniso da antiga Atenas, mas a Pré-história, a história da religião, a etnologia e o folclore oferecem um material abundante sobre danças rituais e festivais das mais diversas formas que carregam em si as sementes do teatro.

Mas o desenvolvimento e a harmonização do drama e do teatro demandam forças criativas que fomentem seu crescimento; é também necessária uma auto-afirmação urbana por parte do indivíduo, junto a uma estrutura metafísica.
Sempre que essas condições foram preenchidas surgiu-se um florescimento do teatro.

A forma de arte começa com a epifania do deus e, em termos puramente utilitários, com o esforço humano para angariar o favorecimento e a ajuda do deus.

Os ritos de fertilidade que hoje são comuns entre os índios Cherokees quando semeiam e colhem seu milho têm seu contraponto nas festividades da corte japonesa, mímica e musicalmente mais sofisticadas, em honra do arroz; assemelham-se também ao antigo festival da espiga de trigo dourada, celebrando anualmente em Elêusis pelas mulheres da Grécia.










quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O teatro é tão velho quanto a humanidade



Existem formas primitivas de Teatro desde os primórdios do homem. A transformação numa outra pessoa é uma das formas arquetípicas da expressão humana.
O raio de ação do Teatro inclui a pantomima de caça dos povos da idade do gelo e as categorias dramáticas diferenciadas dos tempos modernos.

O encanto mágico do Teatro, num sentido mais amplo, está na capacidade inexaurível de apresentar-se aos olhos do público sem revelar seu segredo pessoal.

A interpretação no teatro pressupõe duas coisas: a elevação do artista acima das leis que governam a vida cotidiana, sua transformação no mediador de um vislumbre mais alto, e a presença de espectadores preparados para receber a mensagem desse vislumbre.




A diferença essencial do teatro primitivo e do teatro contemporâneo é o número de acessórios cênicos à disposição do ator para expressar a sua mensagem. Na cultura primitiva o artista arranja um chocalho de cabaça e uma pele de animal; a ópera barroca mobiliza toda a parafernália cênica de sua época. Ionesco desordena o palco com cadeiras e faz uma proclamação surda-muda da triste nulidade da incapacidade humana. O século XX pratica a arte da redução. Qualquer coisa além de uma gestualização desamparada ou um ponto de luz tende a parecer excessiva.




Voltando ao teatro primitivo, no livro "Cenalora" de Oskar Eberle, está escrito: 

"O teatro primitivo real é arte incorporada na forma humana e abrangendo todas as possibilidades do corpo informado pelo espírito; ele é, simultaneamente, a mais primitiva e a mais multiforme, e de qualquer maneira a MAIS VELHA ARTE DA HUMANIDADE. Por essa razão é ainda a mais humana, a mais comovente. Arte imortal."

terça-feira, 26 de janeiro de 2016


Um dos estudos primordiais para o ator é o da História do Teatro.


Uma análise do que foi o desenvolvimento da arte dramática através do tempo, seus momentos mais significativos, suas realizações mais dignas de permanência como memória de um passado, ou como atualidade de uma função.

Tudo isso poderia ocupar uma biblioteca de Alexandria ou como ocorre também, um resuminho na internet.

O que é bom, é reunir ao alcance de qualquer leitor interessado ou estudioso, um apanhado que dê conta, crítica e historicamente, deste vasto universo de realizações e criações que se inscreve no histórico e no sentido do existir do homem neste mundo, que é elaborar o seu espírito em feições cada vez mais novas, como é o caso do papel de suas várias expressões na cultura, nas artes e na ciência.

Este apanhado de informações existe em o livro "História Mundial do Teatro" - de Margot Berthold.

Esta autora é uma mulher sensacional, uma intelectual como nunca antes visto no ramo da História da Arte e do Teatro. E vamos passar alguns de seus conhecimentos aqui.

Falar do Teatro do mundo  é como apresentar uma única pedra e esperar que o leitor visualize toda uma estrutura de construção a partir dela.

Mas vamos começar:
O mistério do Teatro reside numa aparente contradição: como uma vela, o teatro consome a si mesmo no próprio ato de criar a luz.
Um quadro ou estátua possuem existência concreta, como um filme também.

Porém, uma vez terminado o ato de sua criação, um espetáculo teatral que termina, desaparece imediatamente no passado.
Embora o teatro não seja um museu, as múltiplas formas contemporâneas de teatro constituem algo como um musée imaginaire capaz de ser transformado em experiência imediata.
Todas as noites oferecem-se ao homem, dramas, encenações e métodos de direção que foram desenvolvidos ao longo dos séculos. Esses elementos são adaptados ao gosto contemporâneo, retrabalhados.
Diretores e atores recriam, os autores reformulam temas tradicionais em adaptações modernas.
Um esforço bem-sucedido enfeitiça o espectador, cria resistência, provoca discussões e faz pensar.

Nenhuma forma teatral, nenhum antiteatro é tão novo que não tenha analogia ao passado.
E enquanto o Teatro for comentado, combatido - e as mentes críticas têm feito isso sempre - guardará seu significado. Um teatro de não-controvérsia poderia ser um museu, uma instituição repetitiva, complacente. 

Mas um teatro que movimenta a mente é uma membrana sensível, propensa à febre, um organismo vivo. E é assim que ele deve ser.















A chegada do som no Cinema.


Em agosto de 1926, a Warner Bros. em dificuldades financeiras, apresentou o primeiro programa sincronizado utilizando o sistema de som em discos Vitaphone. Era uma alternativa à música ao vivo nas salas de exibição, em particular orquestras e performances.
Por isso, "Don Juan" (1926), com John Barrymore, o primeiro longa-metragem sonoro, não era falado: uma trilha musical gravada em discos acompanhava as imagens, poupando o exibidor do custo de uma orquestra.

Depois de "O cantor de Jazz" ( 1927), que tinha gravações de músicas e alguns diálogos sobrepostos com sincronia labial, seu sucesso levou à instalação de equipamentos de gravação e projeção sonora em estúdios e cinemas.
Em 1929 milhares de salas já estavam equipadas com som, e dezenas de filmes mudos ganharam sequência de diálogos gravados.

A chegada do som causou abalos em toda parte.
 Depois, teve o sucesso dos filmes "falados"  que provocou a corrida de estúdios e cinemas por novas tecnologias.

Os países começaram a exigir diálogos em suas línguas, levando à diversificação do mercado internacional, até então dominado por Hollywood. As poucas tentativas de produzir filmes multilíngues não funcionaram, como o oneroso "Atlantic" ( 1929), de E. A. Dupont, gravado em inglês, francês e alemão, com três elencos diferentes.

O som não afetou só o conteúdo e o estilo dos filmes, mas a estrutura da indústria. O efeito artístico foi a imobilização da câmera e da ação nos estúdios.

Apesar do sucesso de bilheteria, muitos dos primeiros filmes falados eram de má qualidade. Eram peças adaptadas, repletas de diálogos, atuações artificiais, com atores inexperientes, e câmera ou microfone imóveis.

O período de transição de Hollywood para os falados foi inteligentemente recriado em "Cantando na Chuva", (1952).



Os roteiristas também precisaram dar mais ênfase aos personagens, e os letreiristas perderam o emprego.

Reproduziam-se nas telas espetáculos da Broadway, mas aos poucos, diretores e técnicos aprenderam a disfarçar o ruído das câmeras, deixar o cinegrafista livre e mobilizar microfones e equipamentos de gravação, ou seja, a ser servidos pela nova tecnologia. Então, tudo mudou.
Os falados vieram para ficar. 





segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Sobre o Cinema:


A Era do cinema mudo assistiu à consolidação do sistema de estúdios, que duraria até os anos 50.

Nessa época as primeiras grandes estrelas iluminavam as telas como Garbo e Dietrich.

Rodolfo Valentino ( 1895 - 1926)


Latin lover supremo em um de seus maiores sucessos: "Sangue e areia" (1922).
Ele também fez "O filho do Sheik" (1926).

Mas o que mais coincide é a aparência deste ator com outros dois atores que vieram depois:

Gene Kelly ( 1912 - 1996), de "Cantando na Chuva" (1952)


E Jean Dujardin ( 19 de julho de 1972), de "O Artista" (2011).


Indico todos esses filmes para assistirem não só também por eles serem lindos, todos, os 3.


Continuaremos com A chegada do Som.

domingo, 10 de janeiro de 2016


Continuando: sobre Georges Méliès.







Na platéia de "O regador regado" ( 1895), estava Georges Méliès, um mago, caricaturista, inventor e mecânico, que ficou muito impressionado e em 04/04/1896 inaugurou seu Théatre Robert Houdin, transformado em cinema.

Em 1898, filmando uma cena de rua seu obturador da câmera travou, revelando-lhe o potencial da fotografia para criar efeitos ilusórios. 

Passou a usar truques de sobreposição e stop motion.
Fez "Viagem à lua" ( 1902); 
"O melômano" ( 1903), 
"A sereia" ( 1904) e 
"Vinte mil léguas submarinas" ( 1907),  entre outros.

Méliès ficava em seu estúdio criando suas obras fantásticas, e os irmãos Lumière lançaram mão de cinegrafistas que viajaram o mundo registrando-o na câmera. Disso se distinguia os filmes Documentários e Ficção.









sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Bem, 

uma boa resolução de Ano Novo é a de adquirir mais cultura, por intermédio de filmes por exemplo, vale muito a pena.


Enquanto você assiste os filmes que indiquei no post anterior, vamos ver algo do maravilhoso  Cinema:




Em 1891, Thomas Edison patenteou a invenção do Cinetoscópio, que veio ao público em 1893. Era um dispositivo com visor, e dentro do qual um rolo de 1,5m de filme rodava ininterruptamente.

Os primeiros filmes eram de dançarinas, animais e homens trabalhando. 

O filme: imagens fotográficas impressas numa base de celulóide semitransparente cortada em fitas, foi inventado por Henry M. Reichenbach para a Kodak, de George Eastman, em 1889.

Mas estamos falando da concepção do cinema, não de seu nascimento. Na França, os irmãos Auguste e Louis Lumière trabalhavam no estúdio fotográfico do pai, Antoine, em Lyon. Em 1894, o Cinetoscópio de Edison foi exibido em Paris, e ali, Louis Lumière começou a desenvolver uma Máquina que competisse com ele, o Cinématographe, que foi patenteado em 13/02/1895.
Sua primeira apresentação pública foi em 28/12/1895, no Salon Indien do Grand Café, no Boulevard des Capucines de Paris, durou 20 min. com 10 filmes gravados por câmera imóvel com algumas cenas panorâmicas.

O primeiro filme foi "A saída da fábrica Lumière" (1895), onde centenas de pessoas passando pelos portões, entre eles um homem de bicicleta, um cão e um cavalo. Diz-se que o filme foi ensaiado pois nenhum dos empregados olha para a câmera ou caminha em sua direção.

Também integravam a primeira apresentação "Demolição de um muro"(1895), que utiliza movimento reverso para "reconstruir" o muro, sendo o primeiro filme com efeitos especiais; e "O regador regado" (1895), considerado a primeira comédia. Mostra um jardineiro tomando um jato d'água na cara por travessura de um menino que pisa na mangueira e depois a solta. 

Terá continuação...