segunda-feira, 20 de julho de 2015

 A COMÉDIA II 




A comédia grega, ao contrário da tragédia, não tem um ponto culminante, mas dois:


O primeiro se deve a Aristófanes, e acompanha o cimo da tragédia nas últimas décadas dos grandes trágicos Sófocles e Eurípedes; o segundo pico da comédia grega ocorreu no período helenístico com Menandro, que novamente deu a ela importância histórica.

A comédia sempre foi uma forma de arte intelectual e formal independente. Deixando de lado as peças satíricas, nenhum dos poetas trágicos da Grécia aventurou-se na comédia, como nenhum dos poetas cômicos escreveu uma tragédia.

Platão em seu "Banquete (Symposium)" em vão defendeu uma união dos dois grandes ramos da arte dramática.
Ele concluiu com a informação de que  Sócrates, certa vez, tentou até tarde da noite persuadir Ágaton e Aristófanes de que "o mesmo homem podia ser capaz de escrever comédia e tragédia, de que um verdadeiro poeta trágico é também um poeta cômico.
Os dois outros admitiram isso mas não seguiram com muita atenção, por estarem com sono, pois o dia já estava nascendo.

Aristófanes gostava de dirigir sua habilidade artística para a política corrente; adorava terçar armas com os grandes homens de sua época, crivando de flechas venenosas, como que num show de gracejos maliciosos num cabaré, seus calcanhares de Aquiles.
As obscenidades com as quais o "impudente favorito das Graças" empreendia seu trabalho de "castigar o povo e os homens poderosos", as rudes piadas fálicas, os coros de pássaros, rãs e nuvens - tudo tudo vale-se da herança cultural das desenfreadas orgias satíricas, das danças animais e das festas de colheita.

A origem da comédia de acordo com a "Poética" de Aristóteles, reside nas cerimônias fálicas e canções que, na época, eram ainda comuns em muitas cidades.

A palavra "comédia" é derivada dos komos, orgias noturnas nas quais os cavalheiros da sociedade ática se despojavam de toda a sua dignidade por alguns dias, em nome de Dioniso, e saciavam toda a sua sede de bebida, dança e amor.
O grande festival dos komasts era celebrado em janeiro (mais tarde a época do concurso de comédias) das Lenéias, um tipo ruidoso de carnaval que não dispensava a palhaçada grosseira e o humor licencioso.

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