sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

O teatro na China:


Cinco mil anos de história medeiam nosso tempo e as fontes do teatro chinês. Impérios e dinastias vieram e se foram desde os dias primitivos das danças rituais de fertilidade e dos exorcismos xamânicos dos espíritos do mal, desde os primórdios da pantomima da corte e dos trocadilhos dos bufões. 

Milênios, impérios e dinastias inteiros separam os dias do primeiro conservatório imperial de música daqueles que testemunharam, eventualmente, a legitimação do drama chinês. Esse amadurecimento foi levado a cabo pelo colapso do sólido edifício do poder de um império, à sombra de Gêngis Khan.

A mola propulsora íntima desse drama foi o protesto, a rebelião camuflada contra o domínio mongólico. Assim, nos séculos XIII e XIV, o drama chinês celebrou seus triunfos não no palco, mas nas colunas dos livros impressos.

OS dramaturgos eram eruditos, médicos, literatos, cujos discípulos se reuniam em torno do mestre ao abrigo das salas particulares de recitais. Sua mensagem sediciosa era passada de mão em mão em livros de impressão artesanal, elegantemente encadernados.

O aplauso do povo, entrementes, pertencia aos malabaristas, acrobatas e mimos. Pelo precário balanço dos funambulistas, equilibristas e prestidigitadores a herança teatral chinesa atravessou os milênios. 

Ainda hoje, na Ópera de Pequim, numa das mais altamente consumadas formas de teatro do mundo, a arte dos acrobatas possui seu lugar de honra.
No teatro chinês, a acrobacia em sua nobre tradição, classifica-se como par da música.

A lógica matemática de notas musicais representa a ordem do mundo, as leis que governam o curso das estrelas e da vida na terra. 
A interação entre costume e música culmina na forte tradição cerimonial sobre a qual o poder e a autoridade absoluta do maior Estado do mundo foram erigidos durante milhares de anos. Exatamente da mesma forma como as pessoas comuns estavam sujeitas aos senhores feudais ao imperador, também o imperador estava sujeito ao Senhor do Céu, a quem adorava em sua condição de Filho do Céu.

Essa adoração expressava-se nas pantomimas sacras e nos ritos sacrificiais, bem como nos sons da música radicada nos poderes cósmicos, música que mediante suas leis, atrelava o sobrenatural a um dever neste mundo.

Disse uma vez Confúcio:  " Quem quer que entenda o significado dos grandes sacrifícios, compreenderá a ordem do mundo como se o estivesse segurando na palma da mão".

A consequência dessa ordem do universo é que a virtude é recompensada e o mal, punido. A arte e a vida movem-se dentro desses dois postulados.