terça-feira, 8 de setembro de 2015

Adoro, adoro essa página do "Diderot e o paradoxo contra os "Cômicos":


Em seu conhecido "Paradoxo do ator", Diderot mostra-se contrário a esse elemento particular de imponderabilidade. O famoso enciclopedista era incapaz de suportar a ideia de que o êxito de um espetáculo dependesse exclusivamente do ator, do seu particular estado de ânimo, se ele estava ou não em uma noite de graça, se o público estava em sintonia ou ensimesmado em absoluto desânimo. Diderot imaginava um ator capaz de programar e controlar a própria exibição, prevendo cada passagem por meio de exercícios, calculando todo o arco da representação, sem dar margem a surpresas.

Em resumo: racionalidade e distanciamento da emotividade, sem deixar nada ao acaso ou ao incidental, muito menos ao estado de ânimo e às tripas.

Diderot estava certo em atacar a vigarice do "como tiver que ser, será", o andamento naturalista estabelecido pelo deixar-se levar pela comoção ou pelo frisson ocasional, e ainda todas as remelas, os pequenos efeitos ou os achados alardeados sem rigor nem método.

"É a sensibilidade extrema - sentenciava - que torna os atores medíocres. É a falta absoluta de sensibilidade que prepara os atores sublimes!".

Realmente um belo paradoxo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário