quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Commedia dell´Arte: os Personagens.



O esteio do elemento cômico eram os Zanni, os servos, geralmente aparecendo em parelhas, um é esperto e malicioso, ou bonachão e estúpido, ambos glutões. Um exemplo é o Brighella e o Arlecchino, Arlecchino e Colombina.

O alvo e o objeto dos jogos cômicos são os tipos passivos, sempre trapaceados: Pantalone (velho rico e desconfiado, com manto negro, roupa vermelha e cavanhaque branco);  e Dottore ( de Bolonha, usa toga preta com gola branca, vomita citações em latim, cria uma confusão desesperadora, toma as Graças pelas Parcas e brilha pela mais óbvia lógica.

O terceiro na liga dos enganados é o Capitano, um fanfarrão pulsilânime e um covarde quando as coisas se complicam. Originalmente uma caricatura de um oficial espanhol, tornou-se em seguida universalmente intercambiável como valentão e falador.

Os enamorados. Amantes. Mocinho e mocinha que tinham dificuldades para ficarem juntos. Geralmente eram utilizados cortesãos e alcoviteiras da platéia. Porém, uma das mais famosas intérpretes da Commedia dell´Arte, Isabella Andreini, era uma enamorada. Recebia sonetos e respondia em versos igualmente bem-feitos. Seu papel de maior brilho foi em "La Pazzia". Era aclamada na Itália - "Bella di nome, bella di corpo e bellissima d´animo" (Bela no nome, bela de corpo e belíssima de espírito).


As Máscaras:


O uso da máscara na Commedia dell'arte foi extremamente importante, tanto que ficou conhecida como Commedia delle Maschere. Os atores para utilizarem a máscara deveriam dominar sua técnica. Elas se caraterizam por serem meias – máscaras, deixando a parte inferior do rosto descoberta, permitindo uma perfeita fonação e uma cômoda respiração, adequada às necessidades do jogo cênico realizado pelos atores.



A Máscara proporcionava o imediato reconhecimento do personagem pelo público. Os sentimentos, o estado de espírito desses personagens necessariamente engajavam todo o corpo do ator, propondo um jogo dinâmico, direto, essencialmente teatral.


     Pantalone por exemplo, tem a postura fechada. Suas pernas são juntas, os pés ligeiramente abertos e os joelhos flexionados por causa da idade. Sua cabeça e seu quadril são para frente, deixando claro que seu apetite sexual parte da cabeça. Seu abdomem é para dentro, revelando sua possessividade, e ainda que o instinto alimentar não é seu problema. A máscara neste caso, seja por sua cor negra e por não propor uma caracterização tão rígida na sua expressão, possibilita que o personagem transite de um sentimento a outro com maior liberdade. São as circunstâncias nas quais o personagem se encontra que definem o tipo representado. É possível que por alguns instantes Pantalone fique jovem e esqueça sua avareza ao ver uma bela donzela, e que logo em seguida, ao lembrar da presença do seu cobrador, sinta-se muito velho e doente quase para morrer.

     As máscaras da Commedia dell'arte não propõem uma caracterização definitiva dos personagens , elas servem mais para delimitar do que para definir. Assim como disse Ferdinando Taviani em seu texto "Sulla sopravvalutazione della maschera" : "o eu do Arlecchino não é uma entidade permanente mas, a sequência de tantos eus parciais adequados, cada um, a uma determinada situação." O espírito que anima o personagem, que o faz viver, vem do contexto que o circunda, das ações em que está imerso.
   A máscara na Commedia dell'arte mais do que acrescentar, tira do ator os signos de sua interioridade, transforma-o numa figura toda superfície, cuja psique, não está no seu interior, mas no seu exterior. Desta forma, o personagem só existe enquanto desenhado em seus contornos.

Uma cena de alunos da Academia de Commedia dell´Arte de Moscou experimentando:


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