quinta-feira, 9 de abril de 2015

O trabalho de voz no Brasil é uma esculhambação. Em relação à países de cultura mais desenvolvida, (não, a cultura no Brasil não é tão desenvolvida), nós passamos vergonha.

Para facilitar qualquer trabalho vocal, começo já indicando o filme "O Discurso do Rei".
Neste filme o ator principal faz uma tremenda prova de que tem o controle total de sua voz e trejeitos. E uma coisa interessante, vê o trabalho do personagem "Lionel" em relação ao Rei Jorge VI? Então, o trabalho para se ter uma voz boa, proeminente, articulada, é muito parecido com o que você deve se dedicar em exercícios de voz no teatro. Diferença é que o trabalho vocal do ator é eterno então, ei a explicação porque a projeção e dicção vocal da maioria dos atores brasileiros é tão parca.
Foco também no "Dumbledore" De Harry Potter 3 ao 6. Este ator é o pai do Rei Jorge VI no Discurso do Rei.


O que sinto em relação ao ator Michael Gambon também está no livro abaixo que indico leitura:
"Sinto que nos momentos que ouço uma emissão vocal de qualidade, sou arrebatada por uma espécie de "esquecimento de mim, como se fosse envolvida por uma trama invisível, e só depois é que me dou conta de aquela ter sido uma boa interpretação vocal."



Para ajudar;  no livro VOZ PARTITURA DA AÇÃO, de Lucia Helena Gayotto, ela afirma o que você precisa saber já que está começando:

"No trabalho de preparação vocal pode haver abertura para o ator inventar existências na construção da voz do personagem, quando (re)pensa/ (re)vive pela voz a sua natureza. Porém, nem sempre a voz do ator se atualiza, no sentido de ocorrer renovada a cada momento, em cada novo espetáculo. Algumas vezes é somente a reprodução de uma padronização ou estereotipia de voz, uma voz anestesiada pela rotina ou reificada numa couraça, e não uma voz "viva", isto é, (re)criada diariamente nas suas relações cênicas.
Trata-se, então, de interferir nesse padrão de voz, que tantas vezes é somente a reprodução mecânica de um mesmo tipo vocal. Ao ator cabe manter o frescor de sua criação nos ensaios e nos espetáculos, que podem ocorrer dezenas, centenas de vezes."

Reconheceu alguém nesse texto? Ou até alguém que está no seu grupo de ensaios ou você mesmo encontra dificuldades em manter o "frescor" a cada revisão de cenas suas? Não se preocupe!
Aqui vai um exemplo fácil do que você não deve fazer: filme Enrolados.
Neste filme você ouvirá atores jovens americanos muito bem preparados em termos de voz e interpretação, O QUE NÃO FAZER: Veja este filme na versão dublada. O respectivo dublador que vocês sabem quem, não conseguiu dar as entonações corretas para este filme. Ele parece dublar como se estivesse contando uma história para espectadores com retardo mental. Isso porque as pessoas com deficiência mental são mil vezes mais inteligentes do que a forma que esta pessoa narra o personagem da trama Flynn Rider. E você me pergunta, mas este narrador não é ator. Não é ator mas representa a dublagem no Brasil, que é sem responsabilidade interpretativa nenhuma no sentido de dar as intenções verdadeiras das falas dos filmes.



Para finalizar outro trecho no livro, e não se preocupe, teremos mais tarde a continuação do estudo dele.

"Trabalhar a voz cênica envolve, muitas vezes e ao mesmo tempo, o treinamento de atores que fazem abuso ou mal uso vocal, o trabalho com as necessidades vocais para o palco e a construção vocal do personagem; e isto pressupõe o conhecimento da voz nas circunstâncias cênicas e nos entrechos emocionais específicos às suas cenas.
(...) Ao ator não é dado o direito de repetidamente todas as noites "recitar" uma melodia petrificada, entoada por uma curva estereotipia cênica. Em movimento permanente deve manter sua voz "viva", em harmonia com o espetáculo e com o público."

Mais uma vez, quaisquer dúvidas, podem falar comigo. Fiquem à vontade.


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