terça-feira, 19 de maio de 2015

Falaremos de um assunto delicado que é a Poesia.



"São demais os perigos desta vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida.

E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.

Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita.

Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua."

( Rio, 1956) Vinícius de Moraes.



A poesia bem interpretada tem um grande poder de encantamento, tão grande quanto a música.  E a música já tem o poder de envolvimento maior de todas as artes, mas a poesia, ah... a poesia, dessa ninguém se livra quando falada com as emoções certas, dicções certas, e interpretações certas. E uma prova é Maria Bethânia :






Para declamar, leia. Leia muito. E com calma. Um teste é ler um poema direto, mas tem que esquecer a preguiça da leitura de uma vez por todas! Leia sempre! Quanto mais você lê, mais se vê na sua desenvoltura interpretativa. Vamos experimentar:

Leia em voz alta todo poema que cair em suas mãos. Vou colocar um contemporâneo, e aí, é só lê-lo experimentando interpretações para cada palavra e linha, leia o acima do Vinícius de Moraes também, é um poema delicioso.

"Aviso aos náufragos

Esta página, por exemplo,
não nasceu para ser lida.
Nasceu para ser pálida,
um mero plágio da Ilíada,
alguma coisa que cala,
folha que volta pro galho,
muito depois de caída.

Nasceu para ser praia,
quem sabe Andrômeda, Antártida,
Himalaia, sílaba sentida,
nasceu para ser última
a que não nasceu ainda.

Palavras trazidas de longe
pelas águas do Nilo,
um dia, esta página, papiro,
vai ter que ser traduzida,
para o símbolo, para o sânscrito,
para todos os dialetos da Índia,
vai ter que dizer bom-dia
ao que só se diz ao pé do ouvido,
vai ter que ser a brusca pedra
onde alguém deixou cair o vidro.
Não é assim a vida? "
- Toda Poesia; Paulo Leminski.

E tem uma autora, uma mulher maravilhosa que é a Gabriela Mistral. Sim! leiam em outras línguas. Todo artista têm que saber outras linguas: 

De Gabriela Mistral:

"Madre, madre, tú me besas
pero yo te beso más
y el enjambre de mis besos
no te deja ni mirar
Si la abeja se entra al lirio,
nos e siente tu aletear.
Cuando escondes a tu hijito
ni se le oye respirar
Yo te miro, yo te miro
sin cansarme de mirar,
y que lindo niño veo
a tus ojos asomar
El estanque copia todo
lo que tú mirando estás;
pero tú en las niñas tienes
a tu hijo y nada más.
Los ojitos que me diste
me los tengo que gastar
en seguirte por los valles,
por el cielo y por el mar"


Queridos, essa mulher é um acontecimento! Se dêm a chance de pesquisá-la!


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